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Em março publicamos um artigo aqui no blog sobre como definir os critérios de aceitação dos instrumentos e muitas pessoas sentiram falta de ter alguma fórmula no post para partir dela na definição das tolerâncias dos instrumentos.
O fato de não mostramos uma fórmula específica para definição do critério, é porque não existe algo tão genérico para fazer isso. A definição do critério é muito específica para o seu processo, a maneira que você irá usar o equipamento e o quão critico ele é para a qualidade dos seus produtos.
Neste artigo, iremos indicar uma das maneiras de iniciar a criação dos critérios: as informações do fabricante.
Instrumento certo para a utilização certa
Todos os equipamentos de medição possuem um manual de instruções, e ele contém os dados gerais do instrumento e as condições indicadas para a utilização. No momento de adquirir um novo instrumento você deve pensar no que você precisa (no seu processo) e dar uma conferida no manual do fabricante para confirmar que o equipamento atende ao que você precisa.
Se você tem uma farmácia, por exemplo, e vai comprar uma balança para os clientes verificarem o peso deles, essa balança não terá o mesmo modelo e especificações da balança que você precisa para manipulação dos medicamentos. Essa é a principal utilidade do manual do fabricante: dar informações para você saber qual o equipamento certo para a utilização certa.
Instrumentos mais caros são melhores para meu processo?
No momento de comprar um novo instrumento, você pode pensar que quanto mais caro pagar por ele, melhor será. Mas não é bem assim que funciona! A primeira coisa que você precisa pensar é na viabilidade do instrumento para seu processo e se a medição realizada por ele atenderá ao que você precisa.
Por exemplo, não existe a necessidade de comprar um termômetro com faixa de -50°C à 200°C quando você precisa controlar uma temperatura de 25°C. Ao invés de adequar seu processo para um novo instrumento, vale mais a pena comprar um que seja adequado ao seu processo. E isso não quer dizer que ele será o mais caro.
Critério de aceitação baseado no erro indicado pelo fabricante
Os manuais do fabricante costumam trazer o erro máximo do instrumento, que nada mais é do que uma especificação de quanto o instrumento pode errar ao realizar uma medição. Com essa informação você consegue saber se o instrumento se adequa ou não ao seu processo.
Por exemplo, um termômetro infravermelho (pirômetro) tem no manual do fabricante um erro de mais ou menos 10°C (dependendo da marca). Isso quer dizer que quando ele exibir no leitor 20°C, a temperatura medida pode estar, na verdade, entre 10°C e 30°C.
Sabendo disso, você jamais poderia usar esse instrumento para medir a temperatura de uma caixa térmica de vacinas, por exemplo, pois o erro dele é muito alto para isso. Mas para medir a temperatura de uma caldeira, onde as temperaturas são bem mais elevadas, isso não seria um problema.
Não basta considerar o erro do fabricante
É importante lembrarmos que o erro máximo do fabricante serve para o equipamento novo. Com o tempo, o próprio desgaste de uso do instrumento pode causar variação nesse valor. Por isso, você precisará manter seu equipamento calibrado para ter noção se o erro está sendo mantido ou aumentando.
Falando em calibração, existe outro fator a ser considerado no momento de estabelecer um critério de aceitação: a incerteza (popularmente conhecida como dúvida). Esse valor não está presente no manual do fabricante, por isso todo instrumento novo deve ser calibrado. A incerteza indica a qualidade do processo de medição, ou seja, quanto o valor do erro é confiável.
Por exemplo, no manual do fabricante diz que uma balança tem um erro de mais ou menos 1g. Já no certificado de calibração você tem um erro de 1g e uma incerteza de 0,03g, ou seja, esse erro de 1g na verdade pode estar entre 0,97g e 1,03g. Ao analisar o critério de aceitação dessa balança você precisa considerar o intervalo, isto é, somar o erro com a incerteza. E se a tolerância do seu processo for 1g, essa balança já não está adequada, pois o erro pode chegar a 1,03g.
Ter o critério de aceitação certo ajuda a garantir a qualidade do produto final
Nesse artigo comentamos sobre um dos métodos que podem ser utilizados para definir o critério de aceitação, que é levar em conta as informações do fabricante. Mas você não pode simplesmente adotar o erro do instrumento como critério de aceitação do seu processo, pois cada processo é único. Então, mesmo que você utilize o manual do fabricante como base, as tolerâncias do instrumento devem ser avaliadas dentro do seu processo.
Ter os critérios de aceitação bem definidos e adequados à realidade da sua empresa minimiza dois riscos: aprovar um produto reprovado ou reprovar um produto aprovado. Ambas as situações causam transtornos pois geram desperdício, retrabalho e insatisfação de clientes. Ou seja, prestar atenção nas tolerâncias dos instrumentos em seu processo metrológico contribui para garantir a qualidade dos seus produtos.
1 comentário em “Critério de aceitação de instrumentos: como as informações do fabricante podem ajudar”
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