Falsa Aceitação ou falsa rejeição e o risco de um processo de medição

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Neville Fusco

Neville Fusco

Quando pensamos no uso de medições aplicadas ao controle de qualidade de produtos ou processos no ambiente industrial, estamos falando de tomar decisões a partir do resultado dessas medições.

Mas, quais decisões são tomamos a partir das medições?

Aprovar ou reprovar a liberação de um lote, aceitar ou rejeitar uma matéria prima, retrabalhar ou dar continuidade em uma etapa de um processo de fabricação ou formulação de um produto. Estes são alguns exemplos que podemos citar de decisões que são diretamente afetadas pelas medições.

Nesse contexto, precisamos entender o impacto da medição no risco de uma decisão errada, ou seja, a chamada “falsa aceitação” ou “falsa rejeição”. Uma medição de qualidade reduz de forma significativa o risco de medição, reduzindo a “falsa aceitação” ou “falsa rejeição” a taxas aceitáveis.

A falsa aceitação  é a aprovação de um produto ou processo quando o mesmo está reprovado. A falsa rejeição é a rejeição de um produto ou processo quando o mesmo está aprovado.

O uso de instrumentos de medição adequados ao uso pretendido, ou seja, adequado aos valores de tolerância de processo ou requisitos de qualidade do produto é fundamental para reduzirmos o risco da medição.

O erro máximo permissível (EMP) é um dos requisitos de medição mais importantes, ele é usado para aprovar ou reprovar um instrumento de medição após uma calibração ou verificação.  Um erro máximo permissível bem definido e em acordo com o requisito de qualidade pode ajudar muito na redução do risco de medição.

Processo de aprovação da calibração de instrumentos de medição

O objetivo de uma calibração é avaliar o erro de medição de um instrumento de medição em diferentes pontos, ou determinar o valor de referência de uma medida materializada como uma massa ou um bloco padrão.

O resultado de uma calibração apresenta o erro de medição do instrumento, em diferentes pontos, nas condições em que foi calibrado. Os valores de erro são associados a suas respectivas incertezas de medição (conhecida como incerteza expandida).

Para que possamos aceitar os resultados obtidos na calibração precisamos definir o erro máximo permissível (limite de erro ou critério de aceitação) aceitável para o instrumento. Esse valor representa valor máximo que aceitamos do erro de medição o instrumento para evitarmos problemas no produto ou processo.

O processo de aprovação do resultado de uma calibração consiste em comparar, ponto a ponto, o valor do erro máximo permissível ao valor da soma do erro e sua respectiva incerteza de medição, em módulo.

Ao comparar o erro máximo (erro + incerteza), em módulo, com o valor do erro máximo permissível podemos declarar que o instrumento de medição está apto ou não para o uso pretendido, considerando que o valor do EMP foi definido de forma adequada e está relacionado a qualidade requerida do produto ou processo.

Como Identificar  instrumentos de medição inadequados

Antes mesmo de calibrar um instrumento, precisamos garantir que estamos usando o instrumento adequado. Calibrar um instrumento inadequado não é somente uma perda de tempo ou dinheiro, e sim um grande risco a qualidade do produto e a produtividade de processos.

É preciso avaliar se os requisitos metrológicos estão entendidos e definidos e se o instrumento de medição atende a esses requisitos. Aqui não estou falando de EMP e sim da precisão, resolução, robustez, facilidade de uso, influência das condições ambientais, etc.

Por exemplo, imagine um processo de fabricação de uma peça onde desejo controlar a espessura da peça dentro da tolerância de (5 ± 0,01) mm. Não posso usar um paquímetro para essa medida, mesmo ele medindo esse valor, porque a precisão do paquímetro é de ± 0,03, ou seja, 3x maior do que quero controlar.

Calibrar o paquímetro do exemplo não faz sentido algum, na verdade, usar esse paquímetro não faz sentido algum. Não conseguimos diferenciar o que é variação da peça do que é a variação do instrumento, esse é o pior caso quando pensamos risco de medição e o impacto na qualidade do produto.

Riscos e impactos da utilização de instrumentos de medição reprovados ou inadequados

Mas qual o impacto de usar o instrumento de medição inadequado ou reprovado após a calibração?

O impacto é direto na qualidade do produto, na produtividade do processo e na lucratividade do negócio. Aumento no volume de retrabalhos, decisões erradas na hora de liberar um lote ou aceitar uma matéria prima, aumento de paradas de máquinas (muitas vezes sem necessidade), maior número de garantias… são diversos os exemplos de problemas que podemos citar.

Mas, o maior impacto que posso apresentar é perder a capacidade de identificar e entender a qualidade do produto e a variabilidade do processo. O uso de instrumentos inadequados ou reprovados afeta diretamente a percepção do que realmente está acontecendo na rotina de uma empresa, no controle de qualidade, no recebimento de matéria prima, no desenvolvimento de novos produtos e nos processos de fabricação.

Passamos a viver a ilusão da qualidade, o mundo da fantasia em relação ao produto e resultados de processos. Indicadores que não representam a realidade, decisões dos envolvidos baseadas em informações incorretas e aumento de problemas sem saber qual é a causa.

Consequências legais e na qualidade do uso de instrumentos inadequados

Um outro ponto pode ser o impacto na quantidade ou volume do produto, gerando problemas legais ao negócio. Produtos pré-medidos, tais como, arroz, feijão, leite, entre outros, têm seu volume ou massa definidos na embalagem e seguem regulamentos técnicos nacionais que estipulam regras bem claras em relação as medidas.

Outros produtos como leite e derivados tem seus requisitos de qualidade definidos por órgãos governamentais que estipulam quais são as medições e os valores que representam a qualidade desses produtos.

O uso de instrumentos inadequados ou reprovados, nos exemplos acima, pode representar multas, prejuízos de mercado, impacto na marca e até mesmo a interrupção de fornecimento de um produto em casos de maior gravidade.

Como evitar o uso de instrumentos de medição inadequados

Precisamos evitar o uso de instrumentos de medições inadequados, mas para isso, primeiro precisamos definir e entender de forma clara quais são os requisitos de medição para controlar a qualidade de um produto ou a variação de um processo.

O primeiro passo é saber se temos uma tolerância de produto ou processo bem definida e se está em acordo com os requisitos de qualidade requeridos pelas partes interessadas, somente após essa certeza podemos definir os requisitos de medição.

A definição dos requisitos de medição deve levar em conta os requisitos de qualidade e variabilidade esperados para o produto ou processo e deve ser feita por uma equipe multidisciplinar juntamente com a função metrológica. Ou seja, com um especialista em metrologia, uma pessoa com conhecimentos profundos sobre os aspectos e impactos dos erros de medição e da incerteza de medição no dia a dia da qualidade.

Minimize os riscos de uma falsa aceitação de instrumentos de medição

É fundamental o uso de instrumentos adequados, calibrados e devidamente aprovados em processos de medição utilizado para controlar a qualidade de produtos ou a variabilidade de processos.

Minimizar o risco de uma falsa aceitação ou de uma falsa rejeição deve ser uma busca constante para as empresas, em especial as indústrias.

O prejuízo de tempo, pessoas, produtos e financeiro pode ser fatal para o resultado do negócio, e pior, na maioria das vezes não conseguimos identificar o problema, pois não estamos medindo como deveríamos.

Tecnologias aplicadas aos processos de medição podem calcular o risco de medição e ajudar na tomada de decisão, além de automatizar processos de aprovação ou reprovação de resultados de calibração.

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