3 atividades fundamentais para garantir a validade dos resultados metrológicos

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Glauci Roque

Glauci Roque

De acordo com a 17025:2017 em seu item 7.7, garantir a validade dos resultados metrológicos é um dos requisitos que os laboratórios de calibração e ensaios devem cumprir para se manterem acreditados pelo órgão certificador o CGCRE-INMETRO.

Muitos dos requisitos mandatórios da norma são encarados como “algo que tem que ser feito” e essa a obrigatoriedade, muitas vezes, não permite uma visão clara dos reais benefícios que determinadas aplicações podem trazer ao nosso dia a dia.

Dentre todos os itens da norma, acredito que o item 7.7 seja um dos mais desafiadores, pois todas as atividades necessárias para garantir a validade dos resultados metrológicos envolvem uma análise mais abrangente e, sobretudo, responsável de tudo o que é necessário para realizar uma calibração ou ensaio. Equipamentos, métodos, pessoal envolvido nas atividades, tudo isso pode e deve ser monitorado e enfim, melhorado.

No artigo de hoje, vou falar especificamente de três atividades fundamentais para a garantia da validade dos seus resultados, além do impacto positivo que elas trazem para melhoria contínua.

Checagem intermediária dos equipamentos de medição

Na 17025:2017, verificação é definida como “fornecimento de evidência objetiva de que um dado item atende a requisitos especificados”,

Podemos definir checagem intermediária como um acompanhamento do desempenho metrológico de seu equipamento, não sendo necessário o desenvolvimento de uma metodologia especifica para realizar essa checagem. O procedimento pode estar inserido no próprio método ou procedimento para realização da atividade do laboratório. Ex: para um calibrador de pressão podemos medir 3 pontos ao longo da faixa, 25, 50 e 100% da faixa de indicação do instrumento.

Em meu entendimento, essa é a principal dentre todas as atividades, portanto deve estar no topo da lista. Digo isso porque os equipamentos são os responsáveis pelo registro de dados coletados, e se eles não forem confiáveis, todo o resto fica comprometido. Assim, o equipamento precisa apresentar uma boa repetitividade e reprodutibilidade em suas medições, garantindo a exatidão declarada pelo fabricante, do contrário, ele não é mais confiável.

Por isso, além das calibrações periódicas nos equipamentos, é necessário estabelecer um cronograma funcional para a checagem intermediária, a fim de garantir a exatidão de suas medições.

O cronograma pode ser feito de maneira simples, ou através de um software de calibração que dispare avisos de seus vencimentos, facilitando assim a gestão dessas checagens.

Comparação intralaboratorial

Definido pela 17025:2017 como realização de avaliação de medições ou ensaios ou em itens similares, no mesmo laboratório, de acordo com as condições predeterminadas, o intra é uma atividade que tem como objetivo comparar os resultados de processos realizados nas mesmas condições por pessoas diferentes.

O objetivo desta atividade é avaliar e monitorar a variância dos resultados dos executantes da calibração/ensaio, com intuito de minimizar e melhorar a significância da diferença desses resultados.

Pelo intralaboratorial, é possível verificar se o seu procedimento está adequado às metodologias estabelecidas. Da mesma forma é possível entender se essas metodologias são entendidas pelo pessoal que executa as atividades, qualificando-os como aptos a realizarem o trabalho.

Essa análise é possível por meio de métodos estatísticos aplicados. Basicamente, é necessário coletarmos a amostragem, ou seja, coletar até três resultados de pessoas diferentes, executando a mesma atividade.

Com esses dados em mãos, compara-se as médias analisando a variabilidade dos resultados, e se esses resultados são iguais, ou próximos, estatisticamente falando.

Através dessa análise é possível saber se é necessário melhorar o pessoal, ou o seu procedimento.

Desta forma, se for identificada uma dispersão muito grande do resultado desejado pelos 3 executantes, algo pode estar incorreto no seu procedimento. Se o resultado de um dos executantes está distante do valor desejado (disperso dos demais dados coletados pelos demais participantes), isso pode significar que aquele executante necessita de treinamento específico pois pode não ter seguido o procedimento corretamente.

Para maior precisão, essas comparações também necessitam de um cronograma que deve ser estabelecido em procedimento pelo laboratório.

Ensaios de proficiência

Nada melhor que comparar seus resultados com uma referência confiável, certo?

O ensaio de proficiência é uma avaliação do desempenho do participante contra critérios preestabelecidos por meio de comparações interlaboratoriais, ou seja, com 2 ou mais laboratórios.

Essa atividade permite a comparação de seus resultados com os de outros laboratórios, sejam eles acreditados ou não, que utilizam a mesma metodologia. E esse é um dos maiores trunfos para melhoria de métodos de calibração.

Para esse item também é necessário estabelecer cronograma e metodologia de análise dos resultados do ensaio, estando sempre alinhados ao documento normativo NIT-DICLA-026 (REQUISITOS PARA A PARTICIPAÇÃO DE LABORATÓRIOS EM ATIVIDADES DE ENSAIO DE PROFICIÊNCIA). Esse documento é disponibilizado no site do INMETRO e o laboratório também deve monitorar suas revisões.

Segundo o documento, “Hoje, o laboratório deve estabelecer um cronograma devendo participar em pelo menos uma atividade de EP relacionada a cada parte significativa do seu escopo de acreditação a cada 4 (quatro)”.

Dica: considere 3 anos para seu cronograma, pois corre-se o risco de não encontrar programas de ensaio de proficiência do item, desrespeitando assim o período de 4 anos; ou tendo que recorrer às pressas a um ensaio bilateral, o que pode encarecer os custos do laboratório. Além disso, você tem um período mais longo para tomar uma ação corretiva, caso seu resultado seja insatisfatório.

Impactos positivos para a melhoria contínua

Finalizando esse artigo, deixo aqui o meu entendimento sobre a positividade que tudo isso pode trazer aos nossos processos.

O monitoramento desses resultados é imprescindível para, além de garantir a validade do resultados metrológicos, proporciona um ciclo de melhoria que possibilite o planejamento de novos investimentos, não só no sentido de adquirir novos equipamentos e tecnologias, mas ao meu ver o principal. O CONHECIMENTO APLICADO.

Somente com um processo muito bem definido, por meio de métricas, e um pessoal competente, é possível garantir de maneira segura os resultados, gerando a confiabilidade necessária e exigida em um mercado de trabalho tão competitivo. Aí sim, garantindo a confiabilidade, podemos partir para um passo importantíssimo: desenvolver nossos diferenciais. Mas isso fica para outra conversa 😉

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1 comentário em “3 atividades fundamentais para garantir a validade dos resultados metrológicos”

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