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Você já deve ter escutado a célebre frase pronunciada pelo médico e físico suíço-alemão Pacelso “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”.
Pois bem, essa frase me faz pensar nos inúmeros casos de empresas que foram multadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) devido à divergência do peso informado na embalagem e do peso constatado. E neste cenário é possível citar exemplos de empresas que já foram multadas em valores exorbitantes que chegavam a R $30 mil, assim como há empresas que sofrem multas de valores inferiores pelo mesmo problema.
Para ser mais específico, vou contar a respeito de um desses casos:
Em uma das fiscalizações de rotina, o INMETRO verificou que para determinado produto da marca “ABC”, o peso bruto apresentado era inferior ao informado da embalagem de 500 gramas. Em uma análise de oito amostras, sete estavam abaixo. A média de peso ficou em 497,9 gramas, sendo que o valor mínimo admitido é de 498,2 gramas conforme determina o Regulamento Técnico Metrológico aprovado pela Portaria INMETRO/MDCI 096/2000. Tal diferença de 0,3 gramas custou à empresa uma multa de R$ 1.245,08.
Agora, você pode estar se perguntando: Luccas, como eu faço para não correr o risco de ser multado? Existe alguma área que cuida disso? Como faço para deixar meus instrumentos de medição SEMPRE aptos e adequados para uso? Sejam eles: balanças, paquímetros, micrômetros, trenas, multímetros, alicates, amperímetros entre muitos outros que poderiam ser citados nesse artigo.
Entendendo melhor o que é Metrologia
Talvez você já tenha ouvido falar que existe uma área responsável pela ciência das medidas e das medições: a Metrologia. E Metrologia não é a ciência que prevê o clima, essa área é a meteorologia.
O nome Metrologia deriva de duas palavras gregas: Metron, que significa medida e Logos, que significa estudo.
Essa ciência exerce um papel crucial no controle de qualidade de serviços e produtos reduzindo riscos de reclamações de clientes, retrabalhos, prejuízos financeiros, desperdícios de materiais, tomadas de decisões erradas.
A metrologia pode ser aplicada em diversos processos que envolvem Qualidade, tais como: desenvolvimento de novos produtos para comercialização, validação de produtos antes de serem disponibilizados para o comércio, avaliação de instrumentos e processos de medição e, o mais importante, garantir medições confiáveis e validadas através de métodos. Sistemas de medição sempre apresentam erros, sejam eles em maior ou menor grau, podendo os mesmos serem oriundos do próprio sistema de medição ou decorrentes de ações externas, podendo impactar na confiabilidade dos resultados das medições. Por esta razão, tais sistemas devem ser verificados periodicamente.
Para garantir a confiabilidade dos seus sistemas de medição é necessário realizar a CALIBRAÇÃO e o AJUSTE adequado dos mesmos. A calibração é utilizada para “a avaliação do erro de medição nos instrumentos ou na aquisição do valor efetivo de medidas materializadas” (SOUZA, 2017).
Em termos técnicos, a calibração é definida como: “a operação que estabelece, sob condições específicas, em uma primeira etapa, uma relação entre os valores e as incertezas de medição fornecidos por padrões e as indicações correspondentes às incertezas associadas; em uma segunda etapa, esta informação é utilizada para estabelecer uma relação visando a obtenção do resultado de medição a partir da indicação (ALBERTAZZI; SOUZA, 2017)”.
Em que devo me basear para não ter problemas com o INMETRO
Para a realização da calibração são utilizadas referências de calibração que são chamadas como Padrões. Trata-se de meios de medição de qualidade superior, cujo valor de referência é estabelecido com níveis excelentes de incerteza. São alguns exemplos desses padrões: (a) massa-padrão de 1 kg; (b) resistor-padrão de 100 Ω; (c) padrão de corrente elétrica; (d) padrão de frequência de césio; (e) eletrodo-padrão de hidrogênio.
Podemos definir Padrão em termos técnicos como: “uma medida materializada, instrumento de medição, material de referência ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referência. (ALBERTAZZI; SOUZA, 2017)”.
Já o AJUSTE “é uma operação executada de maneira corretiva designada a fazer com que um instrumento de medição tenha comportamento adaptável com seu uso SOUZA, 2017).” De forma resumida podemos dizer que calibração e ajuste são procedimentos totalmente diferentes, mas que são dependentes e interligados um ao outro para se obter bons resultados práticos.
Diante do exposto e para não se ter problemas relacionados com os fatos apresentados no começo desse artigo faz-se necessário um planejamento das manutenções desses instrumentos de medição e a realização de VERIFICAÇÕES periódicas para controle da adequação dos mesmos, ou seja, verificar se estão medindo corretamente e aumentar a confiabilidade entre uma manutenção e outra. Vale aqui ressaltar que as Verificações devem ser feitas por pessoal qualificado e baseado em critérios definidos. Somente assim é possível evitar esses problemas entre muitos outros!!
Referências:
ALBERTAZZI, A.; SOUSA, A.R.D. Fundamentos de metrologia científica e industrial. Editora Manole, 2017.
Assessoria de Comunicação Social. Tribunal Regional da 1ª Região. Disponível em aqui.
DIMAVE. Entenda as principais diferenças entre calibração e ajuste de equipamentos. Disponível aqui.
SOUZA, W. Calibração x Ajuste? Entenda a diferença e como elas podem ser aplicadas. Disponível aqui.
SOARES, V. Metrologia garante controle de qualidade na indústria. Disponível aqui.
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