MSA (Measurement System Analysis): o guia prático para profissionais da Metrologia e da Qualidade

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Victor Assis

Quem trabalha com metrologia e Qualidade sabe que medir não é apenas “obter um número”. A confiabilidade de qualquer decisão depende diretamente da qualidade do sistema de medição. 

Por que falar sobre MSA (Measurement System Analysis)? 

É aí que entra o MSA (Measurement System Analysis). Ele ajuda a responder uma pergunta essencial: podemos confiar no nosso sistema de medição? 

Neste artigo, vamos explicar o que é MSA, por que ele é tão importante na metrologia, quais métodos usar, e como aplicar na prática com exemplos e dicas. 

O que é MSA (Measurement System Analysis)? 

O MSA (Measurement System Analysis), ou Análise do Sistema de Medição, é uma metodologia usada para avaliar se um sistema de medição é preciso, repetível e confiável. 

Em termos simples, o MSA permite verificar se os instrumentos, procedimentos e operadores envolvidos na medição estão entregando resultados consistentes. 

Onde o MSA é usado? 

  • Metrologia industrial – para validar instrumentos e processos de medição. 
  • Qualidade – em auditorias, liberações de produto e análises estatísticas (CEP, Six Sigma, etc.). 
  • Certificações e normas ISO – como ISO 9001 e IATF 16949, que exigem evidências da confiabilidade dos sistemas de medição. 

Por que o MSA é importante na Metrologia? 

Imagine que você está analisando uma peça e seu paquímetro está descalibrado. Mesmo que o processo esteja perfeito, a medição pode indicar um defeito inexistente ou, pior, liberar uma peça fora de especificação. 

Para evitar esse tipo de cenário, o MSA ajuda a garantir que os dados sejam confiáveis. Seus principais benefícios na metrologia incluem:

  • O erro de medição é conhecido e controlado. 
  • As decisões tomadas com base nos dados são confiáveis. 
  • A empresa evita custos de retrabalho, devoluções e não conformidades. 
  • evidências sólidas para auditorias de clientes e certificadoras. 

Componentes de um Sistema de Medição 

Antes de entrar nos métodos do MSA, é importante entender que um sistema de medição não se resume ao instrumento. Ele é formado por: 

  • Instrumento de medição (paquímetro, micrômetro, CMM, etc.). 
  • Padrões de referência usados na calibração. 
  • Operador que realiza a medição. 
  • Peça ou processo sendo medido. 
  • Ambiente (temperatura, vibração, iluminação). 
  • Procedimentos e instruções. 

O MSA considera todos esses fatores para avaliar se a medição é confiável. 

 

Principais tipos de estudo em MSA 

O MSA não é um único teste, mas um conjunto de análises que ajudam a entender diferentes aspectos de um sistema de medição. Os mais utilizados são:

  1. Estudo de Repetibilidade e Reprodutibilidade (R&R)
  • Repetibilidade: avalia a variação quando o mesmo operador mede a mesma peça, várias vezes, com o mesmo instrumento. 
  • Reprodutibilidade: avalia a variação entre diferentes operadores medindo a mesma peça. 

Esse é o tipo de estudo mais conhecido no MSA na metrologia, muito usado em indústrias automotivas e de manufatura. 

  1. Estudo de Tendência (Bias)

Verifica se o sistema de medição tem tendência sistemática, ou seja, se mede consistentemente acima ou abaixo do valor real. 

  1. Estudo de Estabilidade

Avalia se o sistema mantém a confiabilidade ao longo do tempo. 

  1. Estudo de Linearidade

Analisa se a exatidão do sistema é consistente em diferentes faixas de medição. 

 

Exemplo prático de MSA (Measurement System Analysis) 

Para deixar mais claro, vamos imaginar um caso prático de análise: a medição de diâmetros em peças metálicas.

Suponha que você precisa medir o diâmetro de um lote de eixos metálicos com tolerância de 20,00 ± 0,05 mm.

  • Etapa 1: três operadores diferentes medem 10 peças, três vezes cada, usando o mesmo paquímetro digital. 
  • Etapa 2: os dados são coletados em uma planilha. 
  • Etapa 3: aplica-se uma análise estatística para calcular a variação devido ao operador (reprodutibilidade) e devido ao instrumento (repetibilidade). 

Resultado: 

  • Se a variação do sistema for < 10% da tolerância, o sistema é aceitável. 
  • Entre 10% e 30%, pode ser aceitável dependendo da aplicação. 
  • Acima de 30%, o sistema de medição precisa ser revisado. 

 

Como implementar o MSA na prática 

Colocar o MSA em uso não é tão complicado quanto parece. O segredo é seguir um passo a passo bem estruturado:

  1. Defina o objetivo

Antes de qualquer cálculo, é preciso deixar claro por que o estudo está sendo feito. O objetivo pode ser validar um novo instrumento, confirmar a confiabilidade de um sistema de medição existente ou atender a uma exigência de auditoria. Ter clareza nessa etapa evita retrabalho e orienta todo o processo.

  1. Planeje o estudo

Aqui você organiza os recursos necessários: quais instrumentos serão avaliados, quem serão os operadores e qual será o tamanho da amostra. Um bom planejamento garante que o estudo seja representativo da realidade e que os resultados possam ser aplicados na prática.

  1. Selecione amostras e operadores

É fundamental escolher peças que representem a variação natural do processo e operadores que reflitam o uso real do instrumento. Dessa forma, o estudo mostra como o sistema de medição se comporta em diferentes condições, aproximando-se do que acontece no dia a dia da operação.

  1. Coleta de dados

Nesta etapa, os operadores realizam as medições conforme o plano definido, geralmente repetindo as leituras em diferentes momentos. O foco aqui é garantir disciplina no processo, pois qualquer falha na coleta pode comprometer toda a análise.

  1. Análise estatística

Com os dados em mãos, entram as ferramentas estatísticas para avaliar a variação. É nesse momento que se investigam fatores como repetibilidade (variação do instrumento), reprodutibilidade (variação entre operadores), viés, linearidade e estabilidade. O objetivo é verificar se o sistema de medição é confiável e adequado para o processo.

  1. Interprete os resultados

Por fim, os números precisam virar conclusões práticas. Se o estudo mostra que o sistema de medição é confiável, ótimo: pode ser usado sem riscos. Caso contrário, é necessário definir ações corretivas, como calibração, treinamento de operadores ou até substituição do instrumento.

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Dicas para usar o MSA sem complicação 

A teoria do MSA pode assustar, mas algumas boas práticas ajudam a simplificar sua aplicação no dia a dia:

  • Não foque apenas no instrumento. Considere também operador e ambiente. 
  • Treine sua equipe. Muitos erros vêm de falhas de procedimento. 
  • Integre o MSA com o CEP e PPAP. Isso reforça a confiabilidade dos dados em projetos automotivos. 
  • Documente tudo. Auditorias de clientes sempre pedem evidências. 
  • Revise periodicamente. O sistema pode mudar com o tempo (desgaste de instrumentos, novos operadores). 

 

Erros comuns no uso do MSA 

Mesmo profissionais experientes podem cometer deslizes ao aplicar o MSA. Os erros mais comuns são:

  • Usar poucas peças ou operadores, comprometendo o estudo. 
  • Focar apenas em auditorias e não usar o MSA no dia a dia. 
  • Ignorar resultados ruins e não tomar ações corretivas. 

Por que aplicar o MSA é estratégico para a Metrologia? 

A MSA (Measurement System Analysis) não é só uma exigência de normas ou auditorias. É uma prática que fortalece a confiabilidade dos dados, garante decisões seguras e melhora a eficiência dos processos de Qualidade. 

Com ele, técnicos e analistas de metrologia têm a tranquilidade de saber que suas medições são consistentes e que as decisões tomadas com base nesses números são sólidas. 

Se você ainda não aplica o MSA no seu sistema, comece por um estudo simples de R&R e vá expandindo. A confiança nos dados é o primeiro passo para qualquer melhoria em Qualidade. 

 

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